Olá!
Sejam bem-vindos mais uma vez ao nosso encontro
no Blog “Carroceiros” de Plantão para
falarmos sobre Carrocerias Automotivas e assuntos correlatos.
Reza uma lenda que lá pelos idos dos anos 70, um estrangeiro,
dono de uma empresa especializada na fabricação de trefilados de metais não
ferrosos do ABC, precisava adquirir sete grandes redutores de velocidade para a
construção de uma nova linha de trefila.
Naquela época, não havia no Brasil quem produzisse
redutores do porte que ele precisava, por isso foi necessário consultar
fabricantes de redutores no exterior.
O
único comprador da empresa então foi mobilizado para a tarefa de encontrar no
exterior quem poderia fornecer esses redutores e por fim a empresa que fez a
melhor oferta técnica (não de preço), foi chamada para negociações.
Para aquela época os valores para importação de
equipamentos eram quase que impraticáveis, e o estrangeiro, após muito
negociar, comprou apenas um redutor, salvo engano de uma empresa alemã.
O redutor, era enorme, quase que do tamanho de um
carro, foi entregue seis meses depois na fábrica no ABC e o seu fabricante se
propôs a ajudar na instalação.
O estrangeiro agradeceu mas disse que não seria
necessário, que tinha pessoal para isso.
Passado uma semana após a entrega, o Redutor foi
levado para o setor de Ferramentaria onde o mesmo foi desmontado e todos os
seus componentes foram analisados, medidos, desenhados e depois fabricados para
a montagem de outros sete novos redutores. Um ficou de reserva!
Quem me contou essa “lenda”, disse-me que nos oito
meses que se sucederam entre a desmontagem do redutor adquirido, fabricação dos
componentes e montagem dos novos redutores, foi uma correria enorme na fábrica,
especialmente na ferramentaria, onde tudo aconteceu.
Ao longo da minha vivência profissional, contei essa
história para vários colegas de trabalho e pude verificar diversas reações ao
longo dos anos; o estrangeiro navegou de “empresário de visão” até o mais baixo
nível do tipo “ladrão safado destruidor de empregos”.
No meu entender, ele tomou a melhor decisão para o
momento que sua empresa atravessava, talvez sua empresa precisasse de novos
produtos para continuar funcionando naquele momento, talvez não tivesse verbas
para adquirir os sete redutores, talvez, talvez...talvez.
Fato é que apesar de todas as adversidades da
época, ele encontrou uma saída.
Avancemos no tempo.
Estamos em 2020, atravessando uma tempestade
perfeita, isolados em casa, por causa da COVID 19.
Estamos assistindo os números de mortes e
infectados aumentando todos os dias, todos os dias vemos chamadas de
reportagens onde grupos de engenheiros, empresários, alunos de cursos de
engenharia, mackers estão heroicamente procurando saídas, tomando iniciativas
diversas para a produção de máscaras, manutenção ou desenvolvimento de
respiradores alternativos.
Volta e meia ouve-se que pedidos de compra de
equipamentos de governos de estados, empresas brasileiras foram canceladas por
empresas chinesas que optaram em atender os Estados Unidos ou algum outro país
que pode, nesse momento, pagar mais caro.
Estamos no meio de uma crise de saúde mundial, onde
muitas pessoas já morreram e outras mais devem morrer até que uma vacina seja
desenvolvida.
O número de infectados em estado grave é maior do
que o número de leitos disponíveis nos hospitais e não há respiradores
mecânicos em número suficiente para atender á todos.
Temos fabricantes locais desses equipamentos,
correndo contra o tempo para produzir mais equipamentos para atender a demanda
que mais que quadruplicou, mas sabemos que a velocidade da doença é muito maior
do a de produção de novos equipamentos.
Não conheço as particularidades para a produção
desses equipamentos, não sei se os equipamentos aqui produzidos são superiores
ou inferiores aos importados, mas será que alguém já fez esse questionamento?
Não haverá em algum lugar um PowerPoint, com fotos
de um teardown e um comparativo de custos dos principais
componentes?
Será que ninguém não pensou em quebrar a patente dos
respiradores produzidos pela China ou outro país qualquer, que já tenha sido de
fato testado e qualificados pela ANVISA?
Já fizemos isso com remédios alguns anos atrás. Quebramos
patentes e os resultados foram muito benéficos para a população.
Na Segunda Guerra Mundial, sabe-se que muitos países
utilizaram empresas da época para a produção de munições, aviões, armas, veículos
e outros insumos para a guerra, então porque não o fazê-lo agora?
Porque não requisitar equipamentos, linhas de
produção, matérias-primas, transportes, mão de obra especializada? Afinal não
estamos em guerra contra um vírus?
Pensando num cenário desses, acredito que o Estado
de São Paulo, utilizando a expertise e mão de obra de profissionais disponíveis
e a capacidade de produção de cerca de 1500 Ferramentarias e usinagens, poderia
em tempo recorde, oferecer uma resposta rápida para replicar um equipamento em
larga escala, atendendo primeiro a sua demanda doméstica e num segundo momento,
atendendo os outros estados e municípios da união.
Acredito que a hora de mostrarmos perplexidade com as
mortes ocorridas e o número de infectados já passou. De certo modo já nos
adaptamos á nova realidade imposta pelo COVID 19, está na hora do Estado De São
Paulo tomar a frente dessa guerra, se concentrando em encontrar soluções
rápidas e moldando essa realidade ao nosso favor.
Tenham todos uma ótima semana e aproveitem bem o
seu tempo ao lado daqueles que lhe querem bem.
Um abraço!
carroceria.2008@gmail.com
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