Olá!
Sejam bem-vindos mais uma vez ao nosso encontro
no Blog “Carroceiros” de Plantão para
falarmos sobre Carrocerias Automotivas e assuntos correlatos.
Peço desculpas pelo longo tempo ausente.
Nas últimas semanas, estivemos envolvidos na
elaboração de um orçamento para o desenvolvimento de um veículo elétrico.
Particularmente para mim essa fase de orçamentos
é muito importante, porque é quando tentamos “criar” um vínculo com o Designer
ou o idealizador do projeto e as ideias começam de fato a aflorar.
Muitas perguntas surgem nessa fase e dependendo
do grau de interação entre as partes envolvidas me arrisco a dizer que isso
determina ou não o sucesso do projeto.
O Designer ou o idealizador do projeto, precisa
antes de mais nada “vender” o seu projeto para o engenheiro que irá construir e
não só isso, durante a sua execução ele precisa estar presente para garantir
que tudo está conforme aquilo que idealizou e avaliar as sugestões de melhorias
que eventualmente surgirem.
Fim de semana passado, pesquisando na internet
sobre motores e chassis para carros elétricos, conheci uns garotos que estão
desenvolvendo um carro elétrico que arrisco dizer tem grande chance de sucesso.
Na última segunda-feira fui conhecer o projeto
que está sendo desenvolvido nos fundos da empresa do pai de um deles, em Embu
das Artes.
Basicamente é um grupo de cinco engenheiros recém-formados,
que literalmente pegaram o frame de um Baja do lixo da Faculdade e começaram a
fazer algumas experiências com motores elétricos e algumas baterias, já fazem uns
dois anos.
O espaço cedido para o grupo não deve ter mais
do que 40 metros quadrados, encostado numa das paredes há uma grande bancada de
madeira, com alguns motores elétricos desmontados, dois ou três notebooks ligados
num benjamim espetado na tomada, um elevador elétrico suportando o frame, uma
pilha de pneus encostada na parede, algumas cadeiras velhas de escritório
espalhadas e duas caixas de ferramentas totalmente bagunçadas.
Eles já estão iniciando o teste do quarto
sistema, utilizaram motores nacionais que não foram muito bem nos testes, mas o
último é um motor importado da Alemanha e estão utilizando uma bateria emprestada
por um empresário amigo que aluga empilhadeiras.
O frame tubular parece uma colcha de retalhos,
devido á um número grande de reforços soldados, a bateria tem uma fixação
provisória que parece que vai se soltar na primeira curva, fora isso vários pesos
foram afixados para simular o peso total do veículo.
Eu acredito que eles começaram do jeito certo, iniciaram
testando as várias possibilidades de motores disponíveis no mercado e desenvolvendo
um software próprio para gerenciar o sistema de energia.
Já encontraram a primeira barreira também:
encontrar no mercado um eixo dianteiro e traseiro que pudessem ser utilizados
no carro deles que terá tração traseira e a largura bem menor do que os menores
carros produzidos no Brasil.
Bom como se sabe hoje não produzimos no Brasil
carros com tração traseira, somente alguns importados tem, então decidiram por
tentar adaptar algo existente no mercado.
Os caras têm um Target ousado de fazer um carro
elétrico para três pessoas, que seria vendido na faixa dos R$ 30mil exclusivamente
para empresas de aluguel de carros.
Eles ainda não têm um design definido para o
carro, mas já apresentaram o seu Frankenstein para algumas locadoras e já começaram
a trabalhar num novo frame definitivo, já atentando para itens de segurança e
pensando numa apresentação futura para captação de recursos.
Os garotos, na minha opinião, têm o projeto na
mão; conhecem os custos de cada um dos protótipos de propulsão já construídos, já
tem definidos algumas características do carro como por exemplo, qual deve ser
a sua autonomia, tipo de pneus, peso estimado do veículo, capacidade de carga,
tempo de recarga da bateria, sistema de troca de bateria, limitação de
velocidade, qual público atender e o principal: quando querem ver o primeiro
veículo completo rodando nas ruas.
Cogitam até em produzir esse veículo fora do
Brasil se os custos não forem viáveis e até vender o projeto para alguém que se
interesse.
Após essa visita em Embu das Artes, voltando no
carro, não pude deixar de fazer alguns comparativos com alguns projetos e
alguns Designers que tive a oportunidade de conhecer.
Conheci projetos de veículos rabiscados em guardanapos
de restaurante, que depois de desenvolvidos se tornaram grandes produtos e
conheci projetos, preconcebidos com a ajuda de softwares caríssimos que não
deram em nada e qual teria sido a diferença?
Mão na massa!
Teria João Amaral Gurgel, construído sua
empresa se ele tivesse confiado a sua missão para outras pessoas?
Tenham todos um ótimo fim de semana e
aproveitem bem o seu tempo ao lado daqueles que lhe querem bem.
Um abraço!
carroceria.2008@gmail.com
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PS: As fotos utilizadas neste post nenhuma relação tem com o projeto citado.