Olá!
Obrigado mais uma vez por visitarem o Blog “Carroceiros” de
Plantão, para falarmos sobre carrocerias automotivas e outros assuntos
correlatos.
Antes peço desculpas pelo atraso na postagem dessa semana,
estivemos ocupados atendendo a um cliente do nosso escritório e infelizmente
não nos sobrou muito tempo para fazer uma postagem de qualidade que o nosso
leitor merece.
Procuraremos seguir o padrão de publicar nossas postagens
sempre aos domingos, como fazíamos alguns anos atrás.
Voltando ao nosso tema central, acredito que poucas pessoas
já tenham tido a oportunidade de ver a carroceria de um automóvel, sem os
penduricalhos de sempre: Motor, eixos, rodas, carpetes, painéis de porta,
bancos, chicotes elétricos e etc.
É horrível eu sei! Cheio de furos de diversos tamanhos e
formatos, cavidades dos mais variados tamanhos, difícil acreditar que algo tão
sem graça se transforme num objeto de desejo para marmanjos de 20 á 100 anos.
Mas então porque fazer um carro com tantos furos e
cavidades? Porque uma carroceria não tem um design limpo?
As cavidades são em sua maioria resultado de como as peças
são montadas e soldadas entre si, basicamente o projetista de carroceria busca
unir as peças de forma que estas garantam a rigidez de carroceria determinadas
pelo projeto e a melhor forma para isso é o de uma caixa; fora isso ele precisa
atender também algumas solicitações para criar superfícies que atendam requisitos
de outras peças que nela serão fixadas e o resultado na maioria das vezes é um
pouco gritante.
Basta reparar nas longarinas dianteiras e traseiras,
travessas de bancos, colunas A e B, painel traseiro, longarinas superiores, todas
têm a forma de uma caixa basicamente e na maioria das vezes estão ligadas a
outra estrutura semelhante.
Os furos têm diversas funções, alguns são para posicionar as
peças quando na formação dos subconjuntos e conjuntos de carroceria, outros
auxiliam no posicionamento da carroceria durante o processo de fabricação,
alguns são para entrada e escoamento de liquido quando na preparação da
carroceria para pintura, e outros para fixação de chicotes elétricos, cintos de
segurança, painéis de revestimentos, airbags e etc.
Mas as cavidades propiciam a propagação de ar e ruído, água
e poeira para o interior das estruturas de carroceria e por isso há muitos anos
tem sido praticado o uso de enchimentos.
Durante a década de 1990, duas tecnologias surgiram para
permitir uma vedação de cavidade mais robusta e eficiente: os Baffles feitos de materiais
expansíveis reativos ao calor e espumas de poliuretano expansível quimicamente reativas (PU).
Os Bafles são peças pré-formadas que incluem sistemas
baseados em termoplásticos que incorporam um selante termoplástico reativo ao
calor que é aplicado á um suporte de aço ou nylon; estas peças são aplicadas durante a montagem
dos subconjuntos que posteriormente formarão a carroceria.
Os projetos dessas peças variam em complexidade, desde
extrusões simples de selantes reativos a calor aplicados a peças moldadas por
injeção de duas tomadas altamente projetadas, nas quais o nylon do inserto transportador
é disparado na ferramenta e o selador é moldado em um processo totalmente
automatizado.
Já os projetos baseados em borracha geralmente incluem uma
coextrusão de selante reativo ao calor com um adesivo sensível à pressão ou uma
extrusão de selante reativo ao calor com um pino de pressão aplicado para
fixação á carroceria.
O funcionamento é relativamente simples:
Após a carroceria armada passar pelo banho de Galvanização
esta segue para uma zona aquecida, para curar o revestimento galvânico, nessa
fase os baffles não podem ser ativados, depois
a carroceria segue para o Banho de KTL ( veja o post Corrosão), onde novamente
passará por uma outra zona aquecida para
cura do KTL em uma temperatura superior ao da fase anterior. Nessa fase do
processo , o material do selante se expande com a exposição ao calor para
formar uma vedação completa das seções transversais da cavidade nas quais foram
aplicadas.
É interessante dizer que as taxas de expansão podem variar
de várias centenas a 2000% ou mais.
No caso das espumas de poliuretano o processo é um pouco
diferente.
Selador e primer são então aplicados no deck de selagem ou na
área de pintura após a carroceria passar pela pintura e secagem. Um operador utilizando
uma pistola de aplicação que faz a mistura dos dois componentes distribui o
material PU como um líquido em áreas específicas da Carroceria. Uma reação
exotérmica ocorre quando o material é aplicado a cada seção da cavidade, o que
faz com que o material comece a gelificar e se expandir em aproximadamente 4 segundos.
Essa reação exotérmica é o mecanismo de cura dos sistemas de preenchimento de cavidades
de espuma de poliuretano de dois componentes.
Comparativamente a espuma de poliuretano apresenta uma maior
taxa de expansão em relação aos Baffles, mas é necessário controlar o fluxo do
produto na estrutura do corpo para evitar o enchimento excessivo da seção da
cavidade e gastos desnecessários. A prioridade é garantir a vedação completa da
cavidade com uma quantidade mínima de material aplicado.
Em ambos os casos os materiais apresentam pouca ou nenhuma
retração durante ou após o processo de cura.
No entanto, absorção de água é uma métrica chave para
tecnologias de preenchimento de cavidades, particularmente quando aplicada em
regiões inferiores da carroceria. A exposição por um período longo e a absorção
de água podem levar a problemas de corrosão. Os Baffles apresentam os menores índices
de absorção de água, seguidos pelos defletores feitos à base de borracha e,
finalmente, os sistemas de espuma a granel.
Com base no volume de material necessário para selar uma
seção, as espumas de poliuretano demonstram um desempenho acústico mais alto em
baixas frequências, enquanto os Baffles expandidos apresentam melhor desempenho
em médias e altas frequências.
A título de
curiosidade, segundo o site Million Insights, o tamanho do mercado global de materiais, anti ruído, anti vibração e aspereza automotiva (NVH) foi
estimado em US$ 8,02 bilhões em 2015 e deve atingir US$ 13,09 bilhões até 2025.
Com base nas tendências passadas e na experiência de utilização por parte das
montadoras, os veículos comerciais de grande peso deverão ser o setor onde mais
crescerá o emprego desses materiais.
Tenham todos uma ótima semana, aproveitem bem o seu
tempo ao lado daqueles que lhe querem bem.
Um abraço!
carroceria.2008@gmail.com
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