Sejam todos bem vindos mais uma vez
ao Blog Carroceiros de Plantão, para falarmos sobre carrocerias automotivas.
Meu nome é Mauro Gobbi e a partir de hoje, junto com o Engenheiro Carlos
Lindner, farei parte da equipe de escritores do Blog. Por enquanto somos apenas
nós dois, mas tenho certeza que assim como eu, outros colegas se sentirão
motivados a participarem do Blog, passando um pouco de sua experiência àqueles
que se interessam pelo assunto.
Para abrir os trabalhos, irei
abordar um assunto importante para todos os colegas carroceiros, projetistas,
designers e colaboradores no desenvolvimento do produto: Materiais de
Construção Mecânica.
Vocês já se depararam com a questão:
de quantas peças é formada uma carroceria automotiva? Pois bem, são muitas peças,
e cada uma delas tem um design específico para cumprir uma determinada função,
seja ela estrutural, funcional ou estética. Mas vocês já se questionaram como
essas peças foram “criadas”? Por que assumiram essas formas? Quais os conceitos
empregados na manufatura? A utilização, a função, o grau de importância
individual no conjunto?
E como a engenharia de
desenvolvimento do produto define o design, a função, o material e o processo a
ser empregado no desenvolvimento e manufatura dessas peças?
Mas uma decisão importante caminha
paralela e independente ao desenvolvimento e aprimoramento do design de uma
peça/produto; a definição do material na qual ela será manufaturada,
respeitando sua forma (design do produto) e função, estabelecidas pelo
engenheiro e pelo projetista.
Vamos generalizar um pouco no
início.
Design é o processo detalhado de
tradução de uma nova idéia ou uma necessidade do mercado para o
desenvolvimento, melhoria e manufatura de um produto. Cada um dos seus estágios
requer decisões sobre quais os materiais o produto será manufaturado e qual o
processo a ser utilizado. Normalmente, a escolha do material é ditada pelo
design do produto, mas às vezes é o contrário, o novo produto, ou a evolução do
existente, é possível devido o uso ou aplicação de um material novo.
O número de materiais disponíveis
para o engenheiro é vasto, algo acima de 80.000 possibilidades, e embora a
normalização se esforce para reduzir esse número, o desenvolvimento de novos materiais
e suas aplicações se expande cada vez mais e mais.
Então, como é que o engenheiro vai
escolher a partir deste vasto cardápio o material mais adequado para o seu
propósito? Ele deve contar com a experiência (know-how)? Com opiniões e
informações (feedback)? Contra-informações (follow up)? Ou então ser genial e
louco o bastante para inventar moda? Um pouco de tudo as vezes ajuda, mas no
mundo real da engenharia, temos pressupostos que servem de base para o início
da escolha.
No início, dependendo da função e da
utilização, nem todos os materiais devem ser considerados. Com o projeto se
desenvolvendo, tornando-se mais focado e tomando forma, os critérios de seleção
de materiais se estreitam. Em seguida, com dados mais precisos, é necessária
uma análise de escolha mais criteriosa devido ao grau de utilização, uma vez
que a função e forma já foram definidos. Nos estágios finais de design, dados
precisos são necessários, fazendo assim a escolha antes, larga e extensa, agora
mais estreita e linear – talvez única.
A escolha do material não pode ser
feita independentemente da escolha do processo empregado na manufatura do
produto. O custo entra, tanto na escolha dos materiais e na forma na qual esses
materiais são processados. E isso deve ser reconhecido, pois um bom projeto de
engenharia por si só, não é suficiente para o sucesso de um produto.
Em quase tudo, desde aparelhos
domésticos a automóveis e aviões, a forma, a textura, cor, decoração do
produto, a satisfação que da à pessoa que o adquire ou o utiliza é muito importante.
Este aspecto estético (conhecido como “design industrial”) não é ministrada na
maioria dos cursos de engenharia, mas é aquele que, se negligenciado, pode fazer
o produto e até, porque não o fabricante, ter baixa performance de vendas e
resultados no mercado. Não existe solução única ou "correta", embora
algumas soluções são claramente melhores que outras; portanto, a principal
ferramenta que um projetista precisa ter é uma mente aberta: a vontade de
considerar todas as possibilidades.
Tentarei abordar nos próximos
artigos, os aspectos da escolha dos materiais no processo de desenvolvimento do
produto e no processo de design. Tentarei passar uma metodologia na qual me foi
útil até hoje, e que, devidamente aplicado, dá orientações através do mar de
escolhas complexas. Idéias e atributos do processo de utilização de material
serão introduzidos e o processo de seleção de materiais serão mapeados, na
medida do possível com gráficos que mostram a configuração topológica, por
assim dizer, e simplificar o levantamento inicial de materiais que chamarei de
“potenciais candidatos”.
Ficarei muito grato se puderem me
dar um feedback sobre esse meu primeiro artigo, aqui mesmo no Blog no campo
COMENTÁRIOS.
Desejo a todos um bom fim de semana
e até a próxima.
Mauro Chilese Gobbi
CAE
Specialist Engineer